A paralisação das obras da Usina Nuclear Angra 3, em Angra dos Reis, tem gerado intensos debates sobre seus impactos financeiros e energéticos. Durante uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), especialistas e autoridades discutiram os custos bilionários decorrentes da interrupção do projeto, que já se estende por uma década.
Com 60% de sua construção já finalizada, Angra 3 permanece inoperante desde 2015, consumindo cerca de R$ 1 bilhão por ano apenas para a manutenção do projeto paralisado. Essa situação levanta questionamentos sobre a alocação de recursos, que poderiam ser direcionados para outras áreas prioritárias.
Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), a não conclusão de Angra 3 pode elevar o custo total do empreendimento para mais de R$ 43 bilhões, ultrapassando significativamente o orçamento inicial de R$ 23 bilhões. A incerteza sobre o futuro da usina agrava o cenário, com potencial para comprometer ainda mais os cofres públicos.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Jorge Felippe Neto, enfatizou a importância de Angra 3 para a autonomia energética do estado. Segundo ele, a usina tem capacidade para gerar 1.405 megawatts, suficientes para abastecer mais de 4,5 milhões de residências. No entanto, a demora na conclusão do projeto, que já consumiu R$ 21 bilhões, exige novos investimentos para sua finalização.
O deputado Marcelo Dino destacou o potencial de geração de empregos com a retomada das obras. Atualmente, Angra 3 emprega cerca de 400 pessoas, mas a retomada da construção poderia elevar esse número para 3.500. A conclusão da usina representaria um avanço econômico para Angra dos Reis, para o estado do Rio de Janeiro e para o país.
Flávia Azevedo, representante da Associação de Trabalhadores da Nuclebrás Equipamentos Pesados, criticou o desperdício financeiro causado pela paralisação. Segundo ela, o valor gasto anualmente na manutenção do projeto poderia ser investido na geração de empregos, renda e desenvolvimento para a região da Costa Verde.
Gabriela Borsato, diretora da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), defendeu a conclusão das obras, argumentando que a usina, uma vez em operação, gerará recursos significativos. Ela explicou que, após 20 anos, o investimento seria amortizado e a tarifa de energia cairia até 75%. Além disso, a energia nuclear apresenta um alto fator de capacidade, gerando eletricidade de forma constante e confiável, 24 horas por dia.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

